Projeto “A Voz da Poesia – Mulheres que Versam” conectou tradição nordestina e contemporaneidade, abrindo espaço para a escrita coletiva, valorização do cordel e inclusão social
O Distrito Federal foi palco, no último dia 30, do lançamento da edição nacional do projeto “A Voz da Poesia – Mulheres que Versam”. A iniciativa, voltada para mulheres do campo e de comunidades em situação de vulnerabilidade social, foi idealizada pela poetisa pernambucana Isabelly Moreira, natural de São José do Egito, município reconhecido como a capital nordestina da poesia popular.
O projeto aconteceu no Acompanhamento APA, na cidade-satélite de Gama. Durante a ação, Isabelly trabalhou textos e versos de autoras de diferentes estados do Nordeste, especialmente de Pernambuco, promovendo um diálogo íntimo com a poética regional e integrando as vivências de cada participante.

A metodologia envolveu leituras, declamações e experimentações de estilos poéticos, com destaque para quadras e sextilhas. “Mais do que falar sobre métricas e estruturas, buscamos estimular a voz interior das participantes, criando espaços de partilha, pertencimento e coletividade”, ressalta Isabelly.
Ao longo da ação, foram trabalhados temas que iam do cotidiano e dos afetos às questões ambientais, fazendo da poesia um caminho para autonomia, reconhecimento e inclusão social. O encontro também teve como proposta estimular o pensamento crítico, fomentar reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e reforçar o cordel como Patrimônio Imaterial do Brasil, além de oferecer um momento de prática com exercícios de escrita e produção coletiva.
ISABELLY MOREIRA
Poetisa com mais de 15 anos de trajetória, é autora do livro “Canta Dores” e de diversos cordéis, incluindo obras infantis e a publicação de conscientização sobre violência contra a mulher “Violência Nunca Mais”. Na música, fundou e produziu o grupo As Severinas, com o qual gravou seis discos e o documentário “As Severinas – 10 anos”.
Também teve composições gravadas por nomes como Anastácia, Flaira Ferro e Antônio Nóbrega.
Apresentadora da Festa de Louro desde 2016, apresentou o curta premiado “Tem Criança no Repente” e criou o podcast “A Voz da Poesia”. Contribuiu para a conquista do título de Patrimônio Vivo para artistas do Pajeú e idealizou projetos culturais relevantes na região. Formada em Direito pela UEPB e pós-graduada em Gestão Cultural, Cultura, Desenvolvimento e Mercado, atua como consultora de políticas culturais. Sua Oficina A Voz da Poesia foi vencedora do Prêmio Inspirar.
Fotos: Bea_Laranjeira